sábado, 20 de junho de 2009

egocracia.narcisistó’imodesta


Meu caro senhor Nuno que é Moreira e Araújo é tempo de elevar uma vez mais os parâmetros pelos quais este blog se rege, pois está aqui a faltar um trago de identidade poéticó.metafisicó.transcendente a.k.a ao largo do rebanho que flúi nas correntes da comundidade.

Cá ficam as bases para uma dissertação sobre os valores morais e patrióticos na instauração de um ideal governativo, longe dos pré-existentes e entranhados como o melhor a que se pode aspirar.

O nome? Ainda não sei. Neste caso o rótulo é necessário, mas abomino-o, deixo isso para ti. No entanto é preciso não esquecer que este ideal focasse no indivíduo como entidade que permite tudo o resto. Com bases na analogonímia, lucidocracia, eucracia e etocracia, uma reinterpretação de justiça nas feições da cosmoética. Não é uma egocracia.narcisistó’imodesta mas sim um estado puro de harmonia existencial do Eu com o Todo e do Todo com o Elemento Único.

Diz-me uma coisa, quais são os ideais de democracia, ou outro qualquer governo implementado nos diversos estados? Pois é, a resposta seria sempre a mesma: - poder central - leis - impostos. É a isto que se resume 99,99 % do mundo.
É necessário compreender o que deve reger uma sociedade, antes de iniciar qualquer deambulação nos trilhos da imanência pública:

  • justiça (lei, moral, jurisdição,
  • kracia (governo, regência, directriz,
  • livre-alvedrio (a essência que é o ponto, escolha, causalidade, desígnio,
  • inocência e humildade (inocuidade, abnegação, altruísmo,
  • propósito (objectivo, potencialidade,

Vamos começar pelo propósito – As pessoas infelizes são as pessoas sem um propósito, à deriva até morrer. Este é o elemento que nos rege o existir. O sentido da vida é um objectivo, uma batalha, um transcender o até então feito.
Não se confunda propósito com patriotismo. O seu reino deixou de ser. Arriscar a vida por um país? Ele não me devolve o sangue derramado, lembra-te que morrer tirando uma vida não faz de ti alguém que mereça perdurar nas memórias do tempo. Patriotismo é o sentimento de rebanho. Encontrar na vida algo pelo qual se é capaz de morrer, não é o mesmo que vínculo à nação. Não se favoreçam os reinos ou os homens que os governam. O total ajustamento de uma sociedade é o enclausuramento, permite-lhe a grandeza do número, mas retira-lhe a liberdade individual, a única que contém o indomável coração palpitante do Homem, longe da escravidão serviçal.

Altruísmo – maldito reconhecimento social e pseudo-respeito adquirido. Rastejam sem dignidade por um momento no pódio. Reflectir em silêncio e permitir um vislumbre do sombrio da nossa alma, entrar no vazio da lúgubre caverna, onde encontrarás somente o medo que levas contigo.
O problema está na opção ou não, de se estar sóbrio. Não ser preciso entorpecer a mente pois que a veracidade que vislumbram está longe da necessidade de interpretação. Este é o princípio perdido, que se deve consumir e abusar, ele é a inocência e a humildade da pequenez ao se inferir do mundo pela primeira vez.

Caímos agora na célebre kracia – a inevitabilidade de uma directriz. Uma pessoa à frente de um governo, é o pior ponto de partida que se pode ter. O Homem não é infalível : instabilidade leva a adversidades, ao lograr os sonhos de todos os mancebos sonhadores, que usariam da ventura provida na frescura jovial para se envolver nos freios das aventuras políticas.
A eliminação da faculdade de perversão, devassidão e adulteração do poder tem de estar contida nos cânones que cimentam o ideal patrício. À impossibilidade de um desvio o curso segue em consonância com o equilíbrio edificado.

Lei – será que tem de existir leis? Vamos a uma votação. Que coisa tão obtusa. Temos de ser um colectivo de homens do conhecimento. As decisões são unânimes. Ou a falta de consenso será meramente sinónimo de ignorância. A democracia é desconhecimento, uma decisão informada é despotismo. Dois votos diferentes sobre a mesma questão, é ignorância.
Então em que ficamos? Ficamos na Justiça. Moldar moral ao sentido de jurisdição é sem dúvida alguma a mais extraordinária endeavor de todas, pois que nenhuma lei pode controlar a vontade do homem. Estar além da moralidade endeusada ou humana, depositar a fé em princípios que não augurem transgressão partidária.
“Este é o regulamento. Não é para compreender. Regulamento é regulamento.”

Livre-arbítrio – “Escolha. O problema é escolha. A resposta encontra-se numa mente espartilhada, não guiada pelos parâmetros da perfeição.”
E eu garanto-te, que não me dá prazer nenhum estar na posse de todo este conhecimento, e compreender que não existe nada que eu possa fazer. Nada que possa modificar a essência humana, moldada por três milénios. A maior das atrofiadoras de mentes, é o desígnio do amor, a aparente escolha. Fruto da causalidade, e da negra fatalista realidade.

A ilusão da escolha é o nível mais baixo de subjugação. A distorção do livre-arbítrio leva a coisas como a liberdade de expressão e demais aberrações de mentes indolentes. A escolha que existe é uma ilusão, um mero lacaio daqueles com o aparente poder, a que os tristes almejam, para alimentar a futilidade dos que não o têm.
Outro pecado crasso é a existência de televisão. Esse sacrário moderno, que reduz, a totalidade a uma única imagem. É bem capaz de ser o pior uso a que se deu a uma das mais extraordinárias criações humanas. Nos últimos cem anos vislumbrou-se a desculturação das mentes, quando se previa um elevar extremo pelo domínio da tecnologia.
Não se os pode deixar ao sabor do acaso. Já viste o que seria ter as pessoas a pensar por eles próprias? Acabariam por abalar o sistema tão orientadinho das dez leis. É necessário mantê-los e alimentá-los.
Estamos a dois passos de entrar numa nova idade das trevas, onde biliões de seres ruminarão a ignorância e o despotismo de um qualquer líder prepotente e arbitrário.
As pessoas caíram num grémio de acomodação, mas esquecem-se que não punir a injustiça é o mesmo que a comandar. E ao cair do arrependimento está um espelho no dorso dum corcel negro sedento de almas.

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É todo este entorpecimento da consciência, que me cizura a vontade. Assim não se pode sorver da fonte do conhecimento. Não é que seja preciso as pessoas desembriagadas, mas a parcimónia da sobriedade é só excedida, pela infame moral que lhe foi o ventre.
Já nem se reconhece a chama que impele á insigne divina, confundem-na com um embaraço médico, resolvível com dois ou três antidepressivos.

Esta é uma história num livro em branco onde não existem leis, conceito de moral ou actos de imposição. Está-se a escrever a acção das próprias vidas, no borrar do papel a carmim do ponto final, o nosso último suspiro.
É com este ar moribundo, este acto simples de umas linhas escritas, num cheiro fétido à cabeceira dum lugar de ninguém, que se procura entender o que busca o rebelde altruísta. Uns chamam-lhe golpe de estado, outros, revolução. É tempo de uma revolução no ideal humano

Não estou a dizer que este mundo que habitamos deve acabar, estou sim a fomentar a mudança. Eu não sou um candidato ao poder, sou um momento. O momento é o candidato.
Por último à que relembrar que nada é estático, e é necessário permitir espaço e tempo para crescer, mudar, percorrer a senda da potencialidade.
Agora abre os olhos meu caro amigo, nobre adversário, desperta para a realidade de uma nova aurora que anseia libertar-se dos sufocos que a têm mantido enclausurada, abre os olhos, e acredita que vai doer, mas as tuas pupilas onde acostumar-se à luz, e dar razão à evidência de que é para estes momentos que eu vivo.


Escrito pel’as mãos do humilde e inocente rogério, subscrito por uma qualquer entidade divina, num dos poucos sóbrios dias do vigésimo sexto ano.